domingo, 15 de novembro de 2009

nuvens do humor em dias de céu azul


Hoje acordei e mal abri a porta do quarto fui surpreendido por um raro bom-humor matinal de meu companheiro de casa Paulo. Pela manhã, estou mais acostumado a vê-lo de cara fechada, olhos ainda entreabertos, andando um pouco zonzo e aquela voz rouca fraquejante: "Bôm dîa...". É bem verdade que tantas outras vezes ele me pega de calças curtas com um radiante "Bóoom díiia!", tão bem-humorado que chega a me incomodar, quando sou eu quem ainda está com os olhos entreabertos, andando zonzo e com pouca coragem de usar a voz ainda rouca e fraca.

E dessa vez também era eu quem estava com o mal-humor matinal desperto, e em minha corrida para a segura solidão do banheiro, fui surpreendido por uma notícia de Paulo: "Cuidado! Há um rato morto no banheiro!". O fato era pertinente, há poucas semanas eu havia encontrado um rato na varanda. "Sério?!" - indaguei, e ele: "Não! Hááá!". Você deve estar esperando que isso tenha irrompido de vez meu mau-humor. Eu esperaria isso se estive lendo essas linhas, é a coisa mais normal a se esperar dado o atual contexto. Mas foi o inverso: a fanfarra do meu amigo matou minhas ranhuras matinais com um único e singelo golpe de espada. Irrompi foi numa risada, e acrescentei: "Quer dizer então que acordou de bom-humor hoje?!". E ele: "Sempre acordo de bom-humor, ao longo do dia é que vou perdendo-o". Não era verdade. Tantas vezes eu já o havia visto acordar de cara fechada. Mas havia sinceridade em suas palavras, e a vontade de permanecer com o clima agradável foi maior e segui para desagüar as impurezas filtradas por meus rins durante a noite e misturadas com uréia em minha bexiga.

Ao sair do banheiro, despedi-me dele e resolvi tomar meu café no quintal, olhando para o céu. E não é que o bendito 'tava azulzinho, sem uma nuvem sequer! Até a hora do almoço, o céu fechou de modo a ameaçar chover, mas durante a tarde abriu novamente. É fato que limpinho, limpinho, como estava pela manhã, não voltou a ficar, mas o importante é que estava aberto o suficiente para deixar passar o sol.

Meu caro amigo Paulo, sua colocação não poderia ter sido mais acertada. Essa metáfora não poderia ter sido criada de outra maneira. Realmente, após uma boa noite de sono, nosso humor é como aquele céu matinal livre das nuvens das preocupações, problemas e chateações. Mas é trânsito, cobrança de chefe, insatisfação de cliente, briga com cônjuge, relacionamentos truncados, aparelho quebrado, orgulho ferido... Ao longo do dia, o tempo fecha, pode abrir novamente, mas o fato é que chega a noite e tudo escurece, restando-nos dormir e aguardar o céu limpo do dia seguinte. Cuidemos de nosso humor, Paulo: nós merecemos...

4 comentários:

Cecilia . disse...

mas, oh, eu acordo sem humor. Juro. Nao eh bom, nem ruim, so nao tenho. Fico assim stand by. Ai abro a janela, cai um floco de neve no nariz, pronto, acabei de ganhar bom humor.



p.s. : eh, ai, desculpe, estou sem os acentos.

Karina Lima disse...

Bem, sou a do contra: eu tenho raiva de pessoas lerdas e preciso contar várias vezes até dez pra não ser mal educada com quem não merece.Que eu não tenho religião e nem acredito na Bíblia,mas tenho fé.E acredito em Deus.Eu não suporto música universitária.Eu acho que as meninas que ficam na frente dos carros com esse tipo de música alta dançando no meio da rua deveriam quebrar os pés.E os tornozelos.Eu tenho MUITA vergonha alheia e tenho certo problemas com pessoas doces e cheias de poesia.
Não me conformo como uma pessoa consegue passar meses e até anos sem ler um livro.E acho um absurdo ainda maior quando a pessoa se orgulha disso.Eu odeio pessoas que exalam simpatia:soa falso e me irrita,até mais que falta de educação.Odeio gente que chega muito perto pra falar, ou que toca em mim quando fala e não tem intimidade.Gente que acha que tem intimidade e não tem também me irrita.Odeio que me mandem fazer as coisas, acordar cedo,pessoas mal educadas, mal amadas,mal qualquer coisa. Não suporto trabalhos domésticos, mensagens em massa do orkut e spamve tb odeio orkut, facebook, twitter e o tempo que dispendemos nessas coisinhas ao invés de plantar árvores, colher frutos e ver arco íris. E continuo odiando todas as minhas inimigas da infância.Fora as que não se dão o respeito e dão de meiguinha e intelectuais falando de filmes noir.
Essa singela contribuição,Bu,pode ou não ser verdade:umas são,outras não: mas vc é quem sabe.Só vc.Mas algumas expressam minha opinião atual já não sou estática e pode ser que algum dia algo mude, cabe às pessoas respeitá-la.
Beijos, sua K@
P.S: Mas eu adoro seu café fresco e preto e que vivemos momentos lindos que ninguém,ninguém vai tirar daqui,de dentro de nós.

Alberto Geraissate disse...

É, Ka, eu realmente sei o que confere de fato e o que não confere, mas já adianto pra galera: é quase tudo quase verdade! rsrsrs. Bjs e nunca deixe ninguém mexer maliciosamente no que é seu. Nunca!

Lyra disse...

Adorei a metáfora! Deu-me em que pensar e faz todo o sentido. Apesar de que esse bom humor equivalente ao céu azul, muitas vezes vem acompanhado de rabugice e de uma cara nem sempre simpática. Terá com certeza muita influência o número de horas em que o travesseiro nos fez companhia e a qualidade do sono.

Por aqui tem dominado a chuva e o cinzento... aguarda-se ansiosamente pela Primavera colorida e solarenga. :)

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