sexta-feira, 15 de agosto de 2008

por quê? (engole o choro)

Engole o choro! Engole essa porra desse choro! Seja homem, moleque! Firma essa boca trêmula, esse olhar pidão, encare a situação de frente, com o peito aberto e dilacerado.

Porra, nem chorar em paz eu posso mais! Por que não posso ser feliz? Quem disse que eu preciso disso pra ser feliz? Por que eu sou tão ingênuo? Por que eu acho que as pessoas vão entender o que eu penso, o que eu sinto? Acaso não existem crenças e valores, dogmas e tabus, inúmeros tipos de construções sócio-culturais? E eu nem me dei conta que o que é natural e espontâneo para mim pode parecer um grande mal aos olhos dos guardiões da felicidade alheia.

Agora eu a entendo, entendo porque tanta agressividade para com o julgamento das pessoas sobre nós. A repressão é amarga e seca, espinhenta, eu diria. É horrível sentir o peso da decisão de outrem cerceando nosso "ser e estar", a ponto de termos francamente que admitr que não temos escolha. Não temos escolha? O romântico recusa a adaptar-se ao jogo de teias que pesa sobre seus ideais - tão nobres e tão vis..! (é o caso do "jovem Werther", de Goethe). E o realista, o que ele faz? Desiste de seus sonhos porque "não há espaço para sonhos no mundo real"?!

Dói, eu sei. Escrever é meu remédio; esquecer, a minha sina. Estou fadado a aceitar a "impodecisão" (se me permitem o neologismo) dos outros sobre minha verdade, tão pessoal, tão egoísta. Em nome do "bem maior" renuncio ao trono de meu (nosso) mundo, anunciando a vitória da hipocrisia. E quem sabe eu possa até receber aplausos e elogios, até mesmo flores e um cartão! Que tal a chave da cidade ou uma plaqueta que eu possa pendurar na sala de visitas: "Parabéns! Você renunciou ao que lhe é verdadeiro em prol da hipocrisia e do pré-julgamento, em favor do bem-estar geral". Obrigado a todos pelo acolhimento e reconhecimento, sem contar a preocupação e a sábia moral que lapida minha barbárie e me torna um ser mais civilizado.

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